Palavras ao vento...


Palavras ao vento, lamentos ao ar,
É lento o processamento
Daquilo que reluta o peito deixar.
Para onde vai toda poesia?
Para onde vai todo gesto de amor?
Nada importa, fechei a comporta,
Nada inunda meu ser...
Protegi minha alma,
Minha raiva tornou-se calma.
Não nos contentamos com o que temos,
E teimamos em precisar sempre de mais,
Tudo que fazemos é um reflexo social,
É banal, é imoral, é normal!
Consome a carne,
Devora o corpo,
Mundo sórdido, mundo louco!
Mas para que filosofia?
Temos o Direito, a história e a geografia,
Nada disso explica sobre certas coisas da vida!
Filosofia explica o espírito, o corpo e a mente.
Explica coisas que o ser humano ainda não entende.
Como existir uma construção sem uma base?
Tudo se reparte,
Meu coração, minha razão,
Minha poesia e minha sobrevida.
Nada existe, é tudo palpável,
Inexorável é o sentimento
Que dorme em meu peito.
Errado, distorcido, Estacionado.
Permaneço gritando aos ventos,
Sobre historias da vida,
Sobre o tempo.
A morte que nos segue
A cada dia.
Permanece fiel.
Sem ele não existe
Harmonia...
Vou vivendo,
Às vezes sábio,
Às vezes insano.
O que aprendi
Não esqueço,
E sigo meu destino.
Recitando palavras ao vento...


Planta Sagrada



Me baixa o fogo
me lava a alma
me cessa a guerra
me acalma.


O grito




Vi os jovens de minha geração consumidos pela insanidade, drogados, tristonhos, alienados, caminhando pelas ruas da cidade em busca de uma dose violenta de qualquer droga, lícita ou ilícita,
Que se drogavam para esquecer do mundo de dores, pois faltava amor próprio e sóbrios sentiam mais dor, viviam em um falso mundo de sonhos,
Que achavam “amigos” em meio as drogas, mas quando acabava o dinheiro os amigos sumiam como a fumaça da pedra de crack, eles eram amigos de araque, amigos de si mesmos,
Que vendiam seus corpos para sentir a loucura das drogas, mas já eram loucos, inglórios, desesperados, no fundo do seu ser eram alienados, eram frutos de suas tvs,
Que bebiam para ficar desinibidos e viravam demônios enfurecidos, rodavam as chaves do carro entre os dedos em busca de uma mulher gasolina, e só percebiam no acidente que perderam a vida em uma esquina,
Que andavam pelas ruas da Lapa sexta a noite procurando mulher fácil e drogas, e encontravam, mas na manhã seguinte o peito ainda se encontrava vazio, um vazio de amor,
Que viviam de remédios controlados, criticando a maconha, o pó e os viciados, dizendo que deveriam morrer, só não enxergavam que também eram drogados, a diferença é que o doutor deixou,
Que se achavam politizados, socialistas, do povo, mas eram escrotos, os relógios no pulso valia 300 reais, no fundo alienados, hipócritas, chapados, no fundo filhos do capital,
Que roubavam para satisfazer seus prazeres mundanos, e no meio do roubo eram desumanos, batiam, gritavam e sentiam prazer no medo de seus semelhantes,
Que andavam pelas vielas da favela portando fuzis, pistolas e granadas, carregando um poder da morte, tentando mudar suas sortes, mas a sorte sempre acabava em um caixão,
Que fumavam a pedra para esquecer quem eram, e na loucura da droga se perdiam por 5 minutos, e quando acabava a ilusão, queriam mais e mais e nunca estavam satisfeitos com o efeito que a droga faz,
Que nadavam em enchentes de raiva e rancor, e gritavam de qualquer gesto de amor que tentavam lhe dar, se afogavam em suas próprias dores,
Que vegetavam em suas vaidades, e talvez por maldade maldiziam seus colegas de faculdade, não tinham virtude e lhes faltava atitude quando viam erros dos nossos representantes no tele-jornal,
Que caminhavam pela praça XV com ternos baratos, procurando acumular uns trocados para levar a mariazinha para um motel, e se ela não quisesse ir, usariam o dinheiro no primeiro bordel,
Que queimavam maconha para se fazerem de revolucionários, compravam armas para o tráfico, alimentavam a miséria e tinham sangue em suas mãos,
Que choravam da injustiça da vida, que apesar de bonita, existia angústia e a dor, e a justiça é semi-cega, só enxerga para o lado que tem capital,
Que esqueciam de ser, só pensavam em dinheiro, fama e BBB, deixavam a virtude para depois, e para alcançar um lugar no céu, doavam farinha ou arroz para aqueles que nada tem,
Que pensavam em ter, e quanto mais tinham mais queriam, carros, casas, casas de praia, eletrônicos, tudo que o dinheiro pode comprar, não pensavam em amar, pensavam em bens acumular,
Que não viviam, sobreviviam com o salário mínimo, alimentando oito filhos, com farinha e pão, e caiam em lagrimas quando uma das crianças pedia carne, arroz ou feijão,
Eu vi a loucura espalhada como um vírus, e na sapiência do homem, tristeza e egoísmo, paciência, o ser humano que se diz tão sábio vive na ignorância, espalhando migalhas para os pombos, eu grito....