O que há dentro do buraco?

Joga uma pedra no espelho
Sai com a roupa mais confortável que tem
Pés descalços
Mão suando
Mergulhe em si mesmo e saia vitorioso
Sou apenas um prisma da humanidade
Você é outro
Quem é a humanidade?
Será que ela usa batom?
Será que fica nua?
Ou utiliza todos esses prismas para poder se esconder com roupas largas e véu?
Alguns prismas dizem amar a humanidade
O mistério
A grandiosidade
A fuga
Não descubra a verdade, fuja
É o que ela faz com quem a procura
É o que você faz com quem o procura
É por isso que ninguém consegue enxergar o diamante bruto
Ele se esconde no escuro da Terra
É a luz por trás do véu
O espelho está quebrado


Dança de Gaia.




No dançar da aurora
Sopra um vento.
Cantando sobre outrora,
Coisas do tempo...

Na caminhada da vida
Sonhos e pelejas.
Com tantas idas e vindas,
Um novo futuro eleja...

Ouça do grito da terra
Da água e do ar.
A vida que é eterna,
Na Mãe terra vou me abrigar...

Somos filhos do mesmo seio,
A natureza a alimentar.
A comunhão almejo,
A Gaia vamos adorar...

O homem é lobo do homem,
Como Cronos a devorar
Seus filhos em sonho medonho.
Ao natural vamos marchar...

Lutem com força e coragem,
Com garra e determinação.
A vida não é só uma imagem,
Sinta e faça uma reflexão...

Não há sentido nas guerras,
Nas mortes, nas proibições.
Flor doce brote da terra,
Lutem até virarem leões...


"."

No momento que pensa, ja pensou.


Minha mão na sua




Por mais que os dias se estiquem
As noites tardem e passem
A chuva vem curar todos os males.

Por mais que os dias passem
Por mais que tudo passe...
Cadê vez mais, sinto saudades.
Com você vivi um instante que valeu por uma eternidade...

Seus olhos nos meus
Minha mão na sua
Você em mim, eu em você
Não sei quem primeiro enlouqueceu.
Quem primeiro se encontrando, se perdeu.
Queimando em loucura
Teimando em ternura
Sofrendo da mais intensa paixão que não tem cura
Dias sem querer ver a rua
Tendo minha mão segura na sua.

Com meus olhos te deixo nua
Rindo, sei que a minha vida é tua
O tempo cura até a ferida mais profunda
Que fica pequena e caduca
Paixão intensa que não machuca
De cabeça deixando-se cair na arapuca,
Para você mostro minha alma nua
Sem medo seguro minha mão na sua.

Em seus olhos vejo,
O quanto é linda e profunda
Nossa relação sem amargura.
Nosso intenso desejo que tortura
Que só acaba depois, bem depois,
Quando seguro minha mão na tua.


Política, desilusão e trágedia...

Faltou ar no peito,
Vergonha da democracia.
Tiririca, Garotinho e outros eleitos,
Tanto lixo, que penso em monarquia...

A política é jogo de poder,
Um espetáculo de teatro.
O povo vive a perder,
Dolo de um povo alienado...

Vejo projetos mentirosos,
Que acabam com a criminalidade.
Do dinheiro são os religiosos.
Vivem adorando banalidades...

Da criança flagelada
Uma lágrima cai.
O pobre é o “nada”,
Que o seu bem estar desconstrói...

Não há razão na soberba,
Nas mentiras e vaidades.
É a geração do tenha não do seja.
Esquecem-se da verdadeira amizade...

Ouço os quatros ventos,
Contando-me coisas do mundo.
Gritando dores e lamentos,
Sobre os corações impuros...

Já é hora de acordamos
É tempo de renovação.
O mundo só quer ser amado,
Chega de desilusão...


Contemplação do vazio do fundo




O que é um ventilador virado para a parede que nunca será ligado? Uma toalha de mesa embolada em cima de uma cadeira? Um quadro jogado ao chão, virado para um canto? Um navio que nunca mais irá navegar? Canetas gastas empilhadas? Um filho sem mãe? Um domingo chuvoso? Um cinzeiro na casa de não-fumantes? Uma enxada com cimento seco. Um cano branco-marron?  

A poeira do ontem, do amanhã...
A tarde que sempre tarda,
A sina que não falha,
O estranho bicho escondido na maça,
Outrora envenenada,
Melhor nem ir mais a feira,
Da lagarta nasce a borboleta,
Por mais triste que seja a noite, o sol vem de manhã, 
Para os fortes e sabidos
Para os fracos e oprimidos,
O salão festeja a própria festa
Abundando a abundância de nada,
Penas de ganso espalhadas pela sala,
A gata geme no cio...
Os lençóis amanhecem frios...
Vazios...

E mesmo assim ainda resta a música dos pássaros... O cheiro da chuva seguido do choro do bebê...
A canção se forma de seus gritos em meus ouvidos,

Mesmo sendo fato, chato sou, só sorrisos,

Sorrisos...
Seres, risos de tal poucos dentes, pequenino,
Arrancam meus sorrisos,
Bobo que fico...
Suas manhas viram canção aos meus ouvidos,
E mesmo assim ainda há a canção da chuva, os risos dos pássaros e o cheiro de neném...
As gotas caindo e brilhando em uma tarde de calor,
Refrescando o corpo e depois a alma com amor,
Unindo...
O que está em cima ao que está em baixo
E mais ainda o que não está em nenhum lado
Você me acorda,
E sua música em minha janela me conforta
E mesmo assim, encontro tempo para pensar que não há tempo para o que há de mais importante na vida..
Apreciar o voo dos pássaros, o barulho da chuva e o riso do bebê...  


Pássaro, chuva, bebê,
Au-Au, brisa, alegria, eu e você,
Nada mais precisa, pra ser música,
Nascer rima, virar poesia,
Pra alma preencher
Pra você entender,
Tudo o que quero saber...
E o tanto que não sei, nem sou
Nem vou,
Não sabendo se serei ou fui
Ou irei,
Não sendo, não indo, mas sabendo
Não vendo,
O que no fundo sempre soube que seria não sendo e não sabendo e não querendo saber...
Sabendo mais que todos vocês...
Idiotas...


Entre aspas.

Sem tempo para parar o tempo....
E daquilo que sou e do que me tornei;
Não há vulcões em erupção,
talvez só haja uma brisa daquela que fui.
Palavras, torpor, medo, medo, medo...
Estou limitada pelo tempo...
Me colaram no espaço...
Não tenho pena, nem dor, nem nada...
tenho sentimentos vastos...
E vastos sentimentos, mas nada disso me cabe...
E sigo pensante, pensando, dor...abre aspas...
No compasso da ilusão triste me tornei....tornado.
Flechas, táticas e guerrilhas...
Todo dia é uma armadilha do tempo;
O tempo não espera, não acelera e não desvia,
Teima em seguir, pensando, penando, pesando, dor....fecha aspas.


Soneto de Significado




O mundo desgovernado, tudo de cabeça pra baixo
O que é tão certo, subitamente dá errado,
Um lugar que esfria vago é ocupado,
Eu que não amo ninguém apaixonado...

O pior cego é aquele que não quer ver,
Mesmo não te vendo peno a te esquecer
Nunca te tive e nunca quero te perder,
Assim, não sabendo o que significo pra você...

Um poeta descobre um novo significado para o amor
Onde cabe apenas carinho e ternura, não dor
Independente da mistura dura de calor e pavor,

Não quero te perder tentando te encontrar,
Só de te imaginar perco o ar,
E é por pouco, muito pouco, que ainda me lembro de respirar...