Mergulhando no Zôo

Numa noite escura se ouve o som da coruja.
Bicho com fama de esperto, mas não passa de um tiro de sorte na escuridão.
Enquanto a coruja fecha os olhos antes do bote, tento permanecer bem alerta em meio a tanto silêncio.
Palavras curtas numa folha enorme.
Salto-alto no meio da lama.
Mini-saia na porta da igreja.
Correntes nas salas de jantar.
Os conservadores vendem sanduíches naturais nas lojas de açougue, enquanto na metade do dia as galinhas cantam na beira da praia.
Do que adianta berrar enquanto todos comem biscoito Bono no Jornal Nacional.
Nas cachoeiras das enchentes de São Paulo pesco tubarões martelo pelos telhados dos trinunais.
As crianças ficam rindo dos peixes-palhaços entre os tentáculos venenosos dentro do aquário circular do marketing.
Do que adianta ir contra o sistema de cotas se o que importa é a cotação estar em alta.
As vacas coloridas por toda zona-sul deixam as marcas de seus cascos inchados ao colocar tanta senha nas máquinas de cartão de crédito.
Pelo jeito não vivem tão alheios à inflação quanto se pensava.
Os burros se recusam a andar até obtiverem o balde de ração de dinheiro embaixo do seu focinho como ficou combinado.
De longe a águia careca observa tudo com a CIA de falsos amigos.
Em meio a todo esse circo prefiro dar banana para os macacos, pelo menos eles sabem fazer truques mais complexos que os dos golfinhos.

1 comentários:

Isaac Dobbin "O bardo" disse...

O ser humano e suas contradições neh... bom, muito bom...

=)

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